Reflexões político-estratégicas depois de 44 meses de conversações FARC-Governo em Cuba

Publicado: 2016-07-20   Clicks: 1135

       Análisis del conflicto colombiano

       Traducción de Gracia Salgueiro

      Quarenta e quatro meses depois de conversações improdutivas para a Colômbia e muito positivas para o Plano Estratégico das FARC que impôs todas as condições sem dar nada em troca, o balanço parcial do até agora acordado é desalentador para o futuro da paz no país, para as relações internacionais do mesmo, para a projeção geo-política colombiana e para o desenvolvimento integral do país.

     As razões são claras e concretas:

     1. O governo de Juan Manuel Santos chegou à mesa de conversações sem plano estratégico, sem negociadores idôneos e o que é mais grave, sem conhecer o plano estratégico das FARC que prevê a combinação de todas as formas de luta para a tomada do poder político, e sem outro objetivo que conseguir o prêmio Nobel da Paz para Santos com laço de fita. para a continuidade de seu estilo politiqueiro e desleal no Palácio de Nariño.

     2. As FARC chegaram à mesa com a costumeira mentalidade impositiva, de que isso não têm nada a perder, que ninguém lhes deu as armas, portanto, ninguém as pode tirar, que o processo negociador se divide em terminação do conflito sem entregar as armas, acordar um armistício e depois começar a desenvolver o acordado para consolidar a paz ao estilo comunista e aí sim, quando o adversário já esteja destruído moral e psicologicamente passar ao sonhado regime totalitarista, inscrito à ditadura cubana.

     3. Na prática os dois pontos anteriores não são nenhuma novidade, pois essa foi a tese guia das FARC nas conversações anteriores com Belisario Betancur, Virgilio Barco, Cesar Gaviria, Ernesto Samper, Andrés Pastrana e em contatos parciais com o governo Uribe Vélez. O espinhoso do tema é que os sucessivos governos, inclusive os sucessivos ministros de Defesa civis postos nesses cargos, ao que parece para representar politicamente às Forças Militares e de Polícia, tampouco entenderam a estratégia integral das FARC, e nem sequer contam com estudos sólidos e analíticos de qual e o que é o Plano Estratégico das FARC.

    4. Por isso, sem exceção, todos os negociadores dos governos enunciados transbordantes de soberba, foram loquazes ante os meios de comunicação e em foros fechados, sem argumentos e sem clareza conceitual, quando atuam como convidados de pedra frente às audaciosas imposições das FARC.

     5. No caso específico das conversações de Havana o país navega na incerteza, com a circunstância agravante de que a polarização derivada de críticas razoáveis é respondida com a estultícia manhosa de Santos e suas co-equipes, com o argumento fútil de que quem não compartilha sua falta de juízo e de caráter frente ao terrorismo, é inimigo da paz, é uribista, é guerreirista, etc.

     6. O acordo assinado no passado 23 de junho de 2016 em Havana, do acordo definitivo do cessar bilateral de hostilidades, é o prêmio maior à primeira etapa de habilidosas imposições das FARC a Santos, pois conseguiram que o Exército colombiano não entre em suas áreas-base onde operam os cabeças, conserva o controle sobre os cultivos ilícitos, lhes facilita a continuidade de extorsões e seqüestros, índice a ceder às pretensões coordenadas do ELN com as FARC, desvia o foco da cumplicidade com as FARC por parte dos governos terroristas de Cuba, Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia (que diga-se de passagem continuam dedicados a legitimar as FARC), deixa de lado e no esquecimento a existência das Milícias Bolivarianas, o Partido Comunista Clandestino e o Movimento Bolivariano Clandestino, estruturas que são tão ou mais terroristas que as frentes armadas, porém sobretudo deixa aberto o canal para que os governos cúmplices do narco-terrorismo comunista, eventualmente concedam reconhecimento político e status de beligerância às FARC e ELN.

     7. Sem ser desmancha-prazeres senão agindo com os pés no chão, ao peneirar em um crivo o acordado em Cuba em 23 de junho passado que deu até para que os delfins de Santos defendam a “santidade” das FARC, só aponta em demonstrar que as FARC conseguiram se igualar como força armada e Estado, que manietaram o exército buscando sua desmotivação por falta de operatividade ofensiva e ambigüidade de um presidente vaidoso e sem caráter, e deu tratos à bola para continuar negociando armas e drogas em Cuba, com a tranqüilidade que a ditadura lhes oferece para vender gato por lebre na Colômbia.

      8. O preocupante deste ponto em especial é que até o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, ignorante em grau superlativo da teoria e praxis da defesa nacional, entre outras coisas muito parecido à chanceler Holguín pela falta de neurônios e as besteiradas que dizem, agora se lhe ocorreu denominar as quadrilhas de bandidos com o qualificativo de “patrulhas militares”. E jornalistas que recebem propinas da casa Santos, escrevem e falam de tropas guerrilheiras, alto-comando guerrilheiro, Comandante-Geral Timochenko. É evidente, as FARC estão destruindo o odiado inimigo de classe com seus próprios meios, principalmente que os dirigentes colombianos nos três ramos do poder civil nem ouvem, nem vêem, nem entendem de geo-política, de defesa nacional, de vigência da institucionalidade, nem de nada similar, pois evitam dizer que as FARC pretendem suplantá-los por tribunais, câmaras e ditaduras comunistas.

     9. O anúncio da possível dissidência das frentes mais agressivas do Bloco Oriental, onde por experiência sabe-se que militam quadros muito estruturados na guerra revolucionária marxista-leninista, deixa mais perguntas que respostas, pior se tem-se em conta a destemperada resposta dos cabeças, que não responderam a respeito desde Cuba, mas publicaram um lacônico comunicado desde a Venezuela onde o “médico” Mauricio, cabeça do Bloco Oriental, vive a seu bel-prazer protegido pelo regime de Maduro.

     10. Em termos precisos era de se esperar que De La Calle, Jaramillo, Pearl e os demais politiqueiros civis atuaram sem visão nem defesa da Colômbia, pois essa é e tem sido a sinistra mentalidade da débil direção política colombiana, porém para o país e para as tropas, o verdadeiro pacote chileno, o embrulho, o medíocre e o mais inepto de todos os negociadores, resultou ser o general Jorge Mora Rangel.

     11. Mora demonstrou que é um sujeito sem caráter e sem neurônios, que sua passagem pela instituição só lhe serviu para cultivar prebendas pessoais e familiares, que o grau de general e a responsabilidade histórica de haver sido Comandante do Exército lhe foram demais. Timorato, sem ser capaz de criar uma margem de manobra ampla dentro da equipe negociadora e frente aos terroristas, converteu-se em um convidado de pedra a mais, em um silencioso acumulador de diárias e em um “chapa” de Santos para justificar, dizem, a representação dos militares, que se supõe são os que melhor conhecem as FARC e os que teriam os ases para bloquear as habilidosas argúcias das FARC na mesa que, para cúmulo dos males, não são novas senão repetitivas.

      12. Para rematar, Santos enviou a Cuba o general Javier Flórez Aristizabal, dizem que por ser um guerreiro sem mácula como o demonstram suas condecorações militares. Porém, ser bom combatente contra as FARC no âmbito tático-militar não significa conhecer o Plano Estratégico das FARC, nem negociador de um cessar fogo bilateral, como para cúmulo dos males o demonstram os recentes acordos, em que as FARC se saíram com as suas.

     13. As FARC conseguiram com argúcias que se persiga de morte os mal chamados para-militares, algo que por lógica natural deve fazer o Estado. O suspeito é que em nenhum aparte do texto, as FARC se comprometem a entregar todos os dirigentes políticos do Partido Comunista integrantes da FARC-Política, ou as centenas de professores comunistas que têm doutrinado menores de idade em entidades oficiais para que ingressem nas FARC, ou os terroristas que se infiltram em sindicatos, ou as habilidosamente chamadas “organizações sociais” que são fachadas das FARC. Tampouco inclui a submissão à justiça das Milícias Bolivarianas, o Partido Comunista Clandestino, ou o Movimento Bolivariano Clandestino, que articulam o Plano Renascer de Alfonso Cano. Não enunciam nunca a cumplicidade internacional dos governos de Cuba, Equador, Venezuela, Bolívia e Nicarágua. Muito menos se comprometem a entregar ingentes fortunas obtidas no narco-tráfico, na mineração ilegal, extorsão, seqüestro, lavagem de capitais e lucros financeiros. Só imposições ao governo e todos felizes.

    14. Todos os colombianos queremos a paz, quem não a queira não é uma pessoa normal. Porém, uma coisa é a paz que convém ao país e outra a que convém aos mesquinhos interesses politiqueiros de Santos e sua camarilha, inclusive os outros três poderes que são cegos, surdos e mudos frente ao cavalo de Tróia que se está incrustando com vistas a legitimar as FARC e, por desgraça, prolongar o conflito, pois ao ritmo que andam os sucessivos erros político-estratégicos de Santos e seus negociadores em Cuba, secundados pelos santistas pagos dentro do país, ressurgirão como já parece estar acontecendo, bandos de justiça privada, a violência se reciclará e em duas décadas mais o Exército será crucificado enquanto outros politiqueiros talvez os delfins Gaviria, Samper, Santos, Galán, etc., continuarão concentrados em suas ambições pessoais.

     15. E a Colômbia atrasada frente a seu devir histórico, seu merecido desenvolvimento e sua projeção geo-política.

 

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos, especialista em geo-política e defesa nacional. 

www.luisvillamarin.com

 

 

Reciba gratis noticias, articulos y entrevistas

* indicates required

Maintained and Created by: { lv10 }

LuisVillamarin.com, 2015©