Presidente Santos e Ministro Rivera: não atropelem mais o Exército. Apóiem-no e dotem-no!

Publicado: 2011-04-02   Clicks: 2552

 

      Análisis del conflicto colombiano

     Tradução: Graça Salgueiro

     Segundo o ofício número 67269 MD-CGFM-CE-DIPER-TRAS, datado de 24 de março de 2011 e assinado pelo Brigadeiro-General Fernando Cabrera Artunduaga com a confirmação aprobatória de quatro assinaturas mais, informa-se às unidades subordinadas do Comando do Exército da Colômbia que durante o segundo semestre de 2011, a Força não vai realizar as transferências de pessoal senão que, os que pertencem há dois anos nas unidades deverão continuar por no mínimo um ano mais nas áreas onde prestam os serviços, assim como o provável retardo para a ascensão de alguns suboficiais. 

   A razão esgrimida no mencionado ofício: o Ministério da Fazenda recortou 27% do orçamento requerido pelo Exército para seu funcionamento, o qual, segundo consta no mesmo documento, incidiu “na desmantelação(sic) de alguns batalhões e o estancamento das ascensões do pessoal de Suboficial (sic) no ano de 2011”.

     Não só é grave a péssima redação do referido documento, como o conteúdo de sua mensagem. Uma vez mais os membros do sacrificado Exército nacional são o patinho feio do orçamento nacional. Por que não há dinheiro para o Exército pagar estes gastos, nem tampouco para pagar o nivelamento salarial dos militares ordenado por lei desde 1992? Em troca, há sim dinheiro para pagar os asquerosos conchavos denunciados no Conselho da Judicatura, estes sim torcidos, sinistros e com evidente matiz de corrupção? Não há resposta válida!

     Por que nivelam-se os salários e pagam-se as compensações de lei aos funcionários dos demais ministérios? Resposta: porque aí estão os votos do futuro e as quotas eleitorais da eleição passada.

     Em contraste, os militares, além de pôr mortos em suas fileiras, sacrificar o bem-estar de suas famílias e derramar sangue em defesa das instituições, não dão votos. Porém, certamente a pasta dá a possibilidade de que os ministros da Defesa façam contratos milionários, ponham mais burocracia nos escritórios do CAN e dos institutos descentralizados e projetem seus futuros pessoais, até como candidatos presidenciais.

     Qualquer leigo no tema de defesa nacional, não poderia entender como é possível que os que expõem diariamente suas vidas em defesa desta erodida democracia - com minúscula -, nem sequer recebam os meios ou serviços suficientes de bem-estar mínimo para poder combater com facilidade o narco-terrorismo.

     Muito menos entenderia que com um documento mal redigido se justifique a leviana decisão de suspender as necessárias transferências de pessoal, ou as merecidas ascensões profissionais dos suboficiais, sem que haja ninguém com comando e suficiente inteireza de caráter para estabelecer as coisas em preto e branco ao sinuoso ministro de Defesa e o oportunista presidente Santos.

    Que lhes faça levar em conta que, enquanto eles dois estão envolvidos na luta pessoal pelas eleições de 2014 às quais também aspira e busca Vargas Lleras, os soldados de todos os graus são alvos da inaptidão administrativa e da marcada deslealdade de Santos e Rivera.

    Já dissemos isto várias vezes. Os militares colombianos não necessitam de palmadinhas em público e elogios bajuladores ao estilo de todos os presidentes, desde sempre, sem exceção. Os soldados são seres humanos que, embora os aspirantes presidenciais de 2014 com atuais cargos públicos duvidem, também têm direitos estabelecidos na Constituição e nas leis vigentes. O fato de que por norma legal não podem se sindicalizar, não significa que não os tenham.

     Senhores Santos e Rivera: para sua informação, os majores, capitães, tenentes, sargentos e cabos que comandam as unidades de combate de contra-terrorismo no Guaviare, Urabá, Magdalena Medio, Sumapaz, Cauca, Tolima, Meta, Putumayo, Antioquia, etc., também têm família. 

Pela insuficiência de casas fiscais, muitos deles têm suas esposas e filhos vivendo em inquilinatos, ou na casa dos familiares. Não podem pagar aluguéis dignos porque o miserável soldo que ganham não chega para isso. Se os filhos adoecem, não têm serviço digno nem atenção adequada nos dispensários ou no hospital militar, porque faz tempo que a saúde militar se arrebentou sem que os sisudos ministros de defesa tenham dado uma solução estratégica ao problema, diferente dos suspeitos e milionários contratos de distribuição de medicamentos por meio de empresas particulares.

Tampouco há colégios ou escolas de ensino que proporcionem auxílios educacionais ou bolsas aos filhos dos que expõem a vida para manter os dirigentes políticos e sua burocracia em altos cargos, com escoltas, celulares e vigilância permanente paga pelos contribuintes.

As esposas destes militares não têm nem assessoria psicológica nem apoio institucional para resolver os problemas psicológicos ou sociais que encaram as crianças e os adolescentes em um país violento. Sozinhas, estas heroínas educam suas crias e os levam adiante, porque muitas vezes a única coisa que recebem de seus esposos é um féretro com uma bandeira e uma nota de estilo do Comandante do Exército, que tampouco pode fazer mais.

É injusto em grau supremo, que oficiais e suboficiais que levam anos combatendo em unidades de operações permanentes não tenham nem sequer o direito de ver suas famílias, ou de acompanhar seus filhos pelo menos um ano no complexo trabalho de desenvolver a família. E mais grave ainda que muitos deles não só devam permanecer mais um ano nestas zonas, afastados de suas famílias, expondo a vida e finalmente, sem que se lhes possa ascender apesar de haver cumprido todos os requisitos, porque o Ministério da Fazenda reduziu o orçamento previsto para que o Estado reconheça a estes heróis o que merecem por lei.

Por razões óbvias os problemas serão vistos mais adiante, quando os militares que sobreviverem à guerra, à inaptidão dos presidentes e ministros de turno, e à ojeriza das organizações de esquerda que convertem a cada terrorista dado baixa em uma vítima, já aposentados, encararem dificuldades de adaptação com a família, limitações orçamentárias para custear estudos universitários dos filhos, e a sombra da dificuldade de se vincular a um entorno laboral que não admite maiores de 30 anos.

     Presidente Santos e Ministro Rivera: aterrissem. Baixem da nuvem egocêntrica de suas vaidades futuras. Entendam que o salário que deriva de seus cargos é para servir e não para ser servidos. Os militares que entregam até suas vidas para defendê-los, merecem um tratamento digno e o justo reconhecimento dos pagamentos previstos pela lei, assim como seu bem-estar e na medida do possível, as facilidades para que também edifiquem a família. Compreendam que não só os senhores têm direito a desfrutar e educar a família. Os militares também têm esse direito. Não atropelem mais o Exército. Apóiem-no e dotem-no!

 

 Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos

www.luisvillamarin.com

 

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