Ministro Rivera: quando não há lealdade em duas vias, a melhor opção é e renúncia

Publicado: 2011-05-22   Clicks: 1876

 

    Análisis del conflicto colombiano

    Tradução: Graça Salgueiro

    Vergonhosa. Assim foi a loquaz apresentação do Ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, para responder ante o Congresso da República pela inaceitável e injustificada demora, por parte dos sucessivos governos nacionais desde 1992, data em que por chamativa coincidência assumiram os ineptos ministros da Defesa civis, para pagar aos membros das Forças Militares e da Polícia, o nivelamento salarial e o ajuste dos salários nos graus de Tenente-Coronel para baixo, assim como os ajustes anuais com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

 

    Em que pese a contundente clareza dos senadores que o entrevistavam, o ministro Rivera “mostrou a que veio” e por meio de leguleiadas e atitudes histriônicas, pretendeu justificar o injustificável mediante atuações contrárias à lei.

 

     Sem cifras nem documentos, nem provas válidas diferentes de um questionável conceito do Conselho de Estado, Rivera adicionou as razões da incompetência de seus antecessores no Ministério da Defesa para corroborar que sua atuação não obedece à consciência de um ministro do gabinete, senão ao capricho do presidente Santos que em diversos cargos anteriores conheceu o problema e não quis fazer nada para solucioná-lo.

 

    Com frases trazidas dos cabelos, próprias de um “leguleio ilustrado”, Rivera pretendeu esfumar o fundo do assunto e com muitas contradições aparentar que ele sim fez algo para resolver o problema. Afora isso, Rivera argumentou que tampouco vai solucionar nada porque seus antecessores tampouco o fizeram ou, o que é pior, se contradisse e asseverou que não começou a procurar soluções concretas porque os afetados enviaram e-mails desrespeitosos.

 

    Em outro momento, mudou a ladainha e pretendeu mudar o sentido da citação com argumentos tão fúteis como que, devido ao descumprimento do Estado, os reclamantes pediram compensações por juros que acumulam cifras exorbitantes e que, como sua função é “cuidar da grana”, não vai fazer nada a respeito.

 

Para completar, disse que esta situação não afeta em nada os ativos da Polícia e do Exército, em que pese que cifras e estatísticas demonstram que não é certo, pela simples razão de que ao aplicar as sentenças igualando os soldos básicos de ativos e inativos, todos vão ser beneficiados como deve ser e como ordena a lei.

 

    E culminou sua paupérrima intervenção com o ponto de vista pessoal de que esta situação não desmotiva as tropas porque, segundo ele, estão muito coesas. Falso. É óbvio que os militares e policiais ativos estão insatisfeitos com a atitude desleal de Santos e Rivera, pois sabem que também vão para a reserva e que assim como os aposentados hoje são maltratados, é provável que eles sofram iguais ou piores desrespeitos do governo quando já não portem os uniformes, e pela idade ou limitações físicas não tenham outra renda que o exíguo salário de aposentado.

 

    Pobre, muito pobre, demasiado simplória a argumentação do ministro Rivera, derivada da evidente ordem do presidente Santos para que atue de maneira histriônica sem fundamentos lógicos, de seu desconhecimento das instituições armadas e da pouca importância que dá aos que entregam até sua vida para que ele e outros politiqueiros desfrutem das delícias do poder, e de um imerecido salário de mais de 15 milhões de pesos, enquanto os que expõem sua integridade ou a expuseram para que as instituições sobrevivam e lhe permita estar onde está, não recebem nem sequer o pírrico salário ordenado pela lei.

 

    É claro: por evidente desconhecimento, Rivera nem sequer se dá conta de que, os que são afetados por sua obstinação e falta de consideração com as instituições armadas são os atuais uniformizados, os da reserva e em particular, os que com uniforme de soldados ou policiais combateram durante as décadas dos oitenta e noventa, e participaram dentre outras nestas ações: 

 

    Baixas de Pablo Escobar e o “Mexicano”, com o conseqüente desmantelamento do cartel de Medellín. Além disso, forçaram o grupo terrorista M-19 à rendição, desarticularam o EPL em Antioquia e Córdoba, neutralizaram o ELN, desalojaram as FARC de Casa Verde e do Guaviare, capturaram os chefes terroristas Felipe Torres, Francisco Galán, Francisco Caraballo, e em termos gerais, impediram a ofensiva final da Coordenadora Nacional Guerrilheira urdida no plano terrorista “Movimento Bolivariano para uma Nova Colômbia”, prevista para tomar o poder e impor na Colômbia uma ditadura comunista similar à cubana.

 

     A ignorância é atrevida, sobretudo quando das decisões dependem vidas ou reconhecimentos legais. Desconhecedor absoluto da Defesa Nacional, da geo-política, da estratégia, da história militar, da tática, da logística e do Plano Estratégico das FARC, do mesmo modo que seus antecessores Rodrigo Rivera vê no Ministério da Defesa um trampolim para sua inocultada ambição presidencial, e não na possibilidade de representar os militares e policiais.

 

    Na realidade, Rivera carece de sensibilidade e senso humanitário. Com arrogante verborréia pretendeu justificar o flagrante prolongamento da violação da lei, como se o direito adquirido não existisse ou desaparecesse, com base em um conceito do Conselho de Estado redigido por algum burocrata que ignora o sacrifício e a lealdade dos militares e policiais para com a Colômbia, por desgraça, essa casta de ineptos que pululam nos três ramos do poder público inclusive nas altas cortes.

 

     Com cinismo Rivera esquece que esta situação é aproveitada por advogados espertalhões que procuram ficar com, no mínimo, 30% do dinheiro que por lei pertence aos afetados e que não tem apresentação que, os que entregaram os melhores anos de sua vida a serviço da Colômbia, tenham que suportar a humilhante estultice de Rivera e além disso pagar a procuradores para que reclamem o que a lei ordena e que deveria ser solucionado pela via governamental.

 

      Será que como advogado linguarudo e ambicioso ao extremo Rivera toleraria que, quando lhe chegar a idade da aposentadoria forçosa não lhe sejam reconhecidos seus direitos trabalhistas plenamente? E que, para completar, apareça um funcionário público que argumente leguleiadas para não lhe pagar? Com certeza que não!

 

     As exposições subseqüentes de vários congressistas deixaram a sensação de que eles têm mais conhecimento do que o Ministro da Defesa Rivera, acerca da realidade institucional, da vida em campanha, das vicissitudes dos militares e policiais com as famílias, das necessidades básicas das tropas e da necessidade de lutar por seu bem-estar, até o ponto em que o Senador Benedetti nomeou uma comissão acidental para que aproxime as partes, convença o Ministro e seus assessores de que a saída não é procurar como empantanar o assunto senão como solucioná-lo, e para que se promulgue a lei proposta pelo senador Lozano para solucionar, de uma vez por todas e para todos os afetados, com demandas ou sem elas, uma petição que é legal e que é um direito adquirido.

 

     Em síntese, as constantes críticas contra sua escassa efetividade no cargo, a sua indiferença e aparente desconhecimento de sérios problemas no bem-estar das Forças Militares, como o ineficiente serviço de Saúde Militar, onde o presumível mal-estar de corrupção flutua no ambiente, por exemplo, com a concentração do fornecimento de medicamentos e os ineficientes centros de chamadas (Call center) em lugar do prático e moderno serviço de Internet, agrega-se com incidência negativa para o Ministro Rivera sua ausência de credibilidade e liderança dentro das tropas, e sua deteriorada imagem como funcionário perante a opinião pública.

 

     Dadas as razões anteriores e devido a que a lealdade é uma via de mão dupla, que o cargo que ocupa não é para que lhe sirvam senão para servir, e que sua obstinada negativa em reconhecer os legítimos direitos salariais dos militares ativos e da reserva, a melhor opção para Rivera é que renuncie ao imerecido cargo, antes que a pressão cresça e o Presidente Santos acuda à fórmula de queimar o fusível e o destitua depois de haver ordenado sua histriônica atuação. Rivera e o país sabem que se pode esperar isso de Santos.

 

      No ritmo que Rivera vai, de tombo em tombo e sem sequer conhecer suas funções, tudo parece indicar que seus dias estão contados no Ministério da Defesa. A ambição rasga o saco...

 

 

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos –

www.luisvillamarin.com

 

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