Protesto de 31 de maio de 2011: atrás de um objetivo político contundente

Publicado: 2011-06-04   Clicks: 2278

 

     Análisis del conflicto colombiano

     Tradução: Graça Salgueiro

 

     A farta e muito entusiasmada participação de militares e policiais da reserva ativa frente ao viés nas sentenças da justiça, a burla do governo em torno do tema salarial e o péssimo serviço de saúde, realizada em 31 de maio em algumas cidades deixou importantes ensinamentos, pontos de reflexão e roteiro para continuar a luta com objetivos mais claros: 

 

    1. A reserva ativa demonstrou ser uma força política que ainda está adormecida porém que, quando despertar, pode sacudir as estruturas do poder na Colômbia e significar uma verdadeira alternativa governamental.

 

   2. Os reservistas têm a seu favor condições básicas para constituir um partido político com objetivos estratégicos, programas e linhas de ação, tais como: conhecimento profundo do país e de suas regiões, critérios geopolíticos precisos, disciplina, conhecimento das hierarquias, amor genuíno pela Colômbia, espírito de trabalho, psicologia prática, capacidade de liderança em grupos organizados, assimilação de princípios doutrinários e respeito pelas instituições democráticas.

 

    3. É inadiável criar um movimento político das reservas da Força Pública, com vinculação de pessoas civis interessadas em fazer integração nacional.

 

   4. O primeiro objetivo deste movimento político é situar entre seis e dez congressistas em comissões-chave, por exemplo, defesa nacional e relações exteriores. Assim, este movimento garantiria que o cargo de Ministro da Defesa seja ocupado por um membro da reserva ativa que conheça de segurança nacional, estratégia, geopolítica e bem-estar das Forças Armadas, não por um politiqueiro com ambições presidenciais como tem ocorrido desde 1991 na Colômbia. 

 

   5. A deslealdade e inaptidão do atual ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, deve ser penalizada com sua exoneração do imerecido cargo que ocupa.

 

   6. A concentração de ontem (31.05) é apenas um tira-gosto que demonstrou intencionalidade dos potenciais  votantes para apoiar algo maior.

 

   7. Nenhum reservista da Força Pública pode cifrar suas esperanças em que os senadores que se pronunciaram no evento atuarão com lealdade sincera. A todos ocupa o desejo pessoal de captar votos, sem importar se depois de eleitos, ou melhor, reeleitos, não fazem nada. A prova disso é o oportunismo descarado do representante bogotano Miguel Gómez. Ante a quantidade de público desandou a vociferar que foi oficial da Armada. Por que somente agora lhe ocorreu defender a Força Pública e não antes? Politiqueiro, igual aos de sempre...

 

8. O senador Camilo Romero, do Polo Democratico, não é confiável. Depois do escândalo que armou com a penitenciária de Tolemaida agora tornou-se um anjo celestial, e para conseguir votos aparenta estar interessado em defender os direitos das reservas. Pouco confiável e pouco crível. 

 

9. Juan Lozano está pescando em rio turbulento. Lozano é uribista e durante esse governo não teve nenhum interesse em solucionar esse problema, nem ele fez nada nesse momento. Ademais, é muito próximo a Rivera, o que dificulta qualquer solução ao problema. 

 

   Por essa razão, urge a necessidade de construir um comitê avaliador dos fatos que, ademais, desenhe uma linha estratégica de ação imediata para não deixar que se apague a efervescência, ou que o capitão Fierro siga sozinho e sem organização sólida de todos os níveis da reserva afetados, porém ainda estáticos frente aos problemas estruturais que a afligem.

 

    Os cantos de sereia e as ofertas calculadas são parte do costume tradicional da forma incorreta de fazer política no país. Os membros da reserva ativa, desde generais até soldados, sabemos que isso é assim. Não bastam as promessa comuns em época pré-eleitoral. 

 

    A jornada do 31 de maio deixou muitos ensinamentos e pontos de reflexão. O pior é não fazer nada diferente e adormecer nos lauréis com o falso convencimento de que os congressistas farão tudo, e que com dois discursos vinte-julianos [1] a grande massa se conscientizou.

 

   Pelo contrário, a luta organizada agora apenas começou. Assim o corrobora a pouca difusão midiática. Sem dúvida, ao louvável e ingente esforço organizacional e de convocatória, faltou acrescentar uma mensagem política forte e contundente como, por exemplo, o sugerido com antecedência: a renúncia imediata do Ministro da Defesa, objetividade da justiça e reforma ao péssimo serviço de saúde militar.

 

    O propósito deve ser prolongar-se no tempo com visão estratégica de conjunto. Não se limitar a fatos isolados ou conjunturais. A luta acaba de começar.

 

   Nota da tradutora:

 

    [1] “Vinte-juliano” refere-se ao 20 de julho, data em que se comemora o Dia da Independência da Colômbia.

 

 

     Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

    Analista de assuntos estratégicos –

    www.luisvillamarin.com

 

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