Tradução: Graça Salgueiro
De maneira sistemática os direitos fundamentais dos militares e policiais ativos na reserva são vulnerados por decisões e atuações governamentais que, em vez de garantir sua segurança social, bem-estar e justiça, parecem conduzir à negação de seus direitos. E a solução não é ficar com os braços cruzados.
Por norma constitucional, os membros da Força Pública não podem participar da política ativa nem deliberar, mas isso não impede que seus cônjuges e demais familiares possam apoiar uma cruzada histórica encabeçada pela reserva ativa, e integrada por todos os colombianos esgotados pelas inconsistências e faltas de coerência das castas que governaram a Colômbia.
A reflexão é clara. Se o governo nacional atua com deslealdade e desdém para com as Forças Armadas que o sustentam, é óbvio deduzir que tampouco tem lealdade e preocupação pelo resto do povo colombiano. Isto infere que o movimento político deve ser integrado por colombianos de todas as vertentes e ter objetivos conjuntos.
A agressão urge. Para concretizar um movimento político sólido e sustentado no tempo, é necessário sensibilizar mais de um milhão de reservistas e suas famílias, mais os familiares dos membros ativos das Forças Armadas para que comecem a difundir a idéia entre seus amigos e relacionados que, longe da politicagem tradicional, estejam interessados em colaborar na reconstrução da Colômbia e re-orientar seu rumo.
A título de exemplo, se um milhão de reservistas e dois milhões e meio de familiares próximos dos militares, marinheiros e policiais ativos se dedicarem a cultivar os potenciais votantes, o movimento poderia não só conseguir maioria no Congresso, situar um ministro de Defesa leal com as instituições castrenses e apto para o cargo, escolhido entre os oficiais em atividade ou na reserva ativa, e - por que não? - conseguir o prêmio maior.
A tarefa não é fácil mas tampouco impossível. As condições estão dadas: crescente perda de credibilidade dos governantes, manifesta deslealdade dos altos funcionários estatais para com as Forças Militares e a Polícia, abusos com os soldos dos uniformizados, péssimo serviço de saúde, perda do Foro Militar, manipulação de processos judiciais, favorecimento em vários sentidos aos terroristas e sentenças judiciais aberrantes contra os uniformizados.
O remédio para estes males é construir um movimento político dirigido por pessoas que amem a Colômbia, e ninguém mais indicado do que os que a defenderam com as armas e trabalho incansável, porém que pelas mesmas circunstâncias de desordem e iniqüidades reinantes no país, hoje estão em uma posição passiva, em contraste com a potencialidade de seus conhecimentos e capacidades.
Porém, não se trata de criar um movimento político de integração nacional ao redor dos uniformizados e suas reservas de per si, senão de construir um projeto histórico ao qual lhe cairia bem o nome Colômbia Unida, que concite o apoio de todo o país ao redor das Forças Armadas, bastião que não só criou a República senão que a conservou, apesar das ações nocivas dos inimigos da ordem, dos corruptos e dos politiqueiros. Por extensão, este apoio se refletirá no fortalecimento de todas as instituições e o lógico serviço do Estado na segurança, bem-estar e desenvolvimento de seus associados.
Colômbia Unida busca o concurso de experts em todas as áreas governamentais, para gerar de maneira coletiva um plano de governo que inclua como assuntos básicos prioritários, educação em todos os níveis, alto investimento em investigação científica e tecnológica, ampliação quantitativa e qualitativa da cobertura da saúde pública, transformação da infra-estrutura viária, de portos e aeroportos, e planos de ordenamento territorial para levar à execução das vias, o desenvolvimento sócio-econômico de todas as comunidades. E muito mais.
Por experiência profissional, formação disciplinar, vontade de trabalho, concepção geopolítica e geo-estratégica da idiossincrasia e necessidades de cada região, os oficiais e suboficiais da reserva ativa podem articular um ambicioso plano de desenvolvimento que gravite em torno de um projeto cívico-militar e cívico-policial, como complemento às operações militares para construir a paz nas zonas afetadas de longa data pela presença narco-terrorista.
A tarefa é concreta. As condições estão dadas para levá-la adiante. Existe o capital humano suficiente. Requer traçar a filosofia, os objetivos nacionais, regionais e locais, desenhar as metas intermediárias, estabelecer as linhas de ação, as estritas obrigações éticas e morais de militância e lançar o projeto para andar.
Tudo isto é possível porque pré-existe o capital humano. A tarefa de todos os oficiais, suboficiais e agentes da reserva ativa é disseminar esta idéia entre os companheiros de armas que hoje estão na reserva, até conseguir que todos estejam inteirados deste projeto.
De forma simultânea convidar todas as pessoas honestas e trabalhadoras que queiram trabalhar na reconstrução da Colômbia, e vincular todos os familiares dos oficiais, suboficiais, soldados e marinheiros em atividade para que façam parte desta empresa, a qual será oxigenada todo o tempo pelas diretrizes e interação com as juntas nacionais e seccionais.
Concluindo, a primeira etapa do propósito é a árdua sensibilização, aproximação e integração de muitas pessoas para começar a multiplicar os estatutos e normas de militância, recolher assinaturas, matricular o movimento político, escolher os candidatos ao Congresso, sem deixar de trabalhar na formulação do programa específico de governo. Tal é a dimensão do desafio.
Tradução: Graça Salgueiro
Analista de assuntos estratégicos -