Tradução: Graça Salgueiro
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Após a morte de Alfonso Cano, desde a Venezuela o Secretariado das FARC, por meio de Timochenko, assumiu uma atitude publicitária, propagandística e politiqueira, com óbvia caixa de ressonância por parte de todos os cúmplices nacionais e internacionais do grupo terrorista.
Com o maior cinismo, a moleca de recados mundial das FARC disse que os três policiais e o sargento Libio Martínez, assassinados a sangue frio por ordem de Timochenko, tiveram uma morte violenta sem confirmar os autores. E o arcebispo de Cali, com pitoresco matiz politiqueiro, saiu ante os meios de comunicação a dizer que Cano era um pobre velhinho, cego, abandonado e sem nadinha para comer, como quase para indicá-lo ante o Vaticano como um novo santo.
Uma e outra declaração, destinadas a tirar as FARC da confusão criminal e narco-terrorista em que andam metidas, procuram pôr o Estado colombiano contra a parede e, evidentemente, procuram legitimar o grupo terrorista no evento de sentar-se para negociar com o governo nacional um acordo humanitário ou algo similar para a libertação dos seqüestrados e, a longo prazo, retornar à imbecilidade coletiva pastranista da época do Caguán.
Porém, o estratagema do complô comunista contra a Colômbia não se detém aí. Os membros do Partido Comunista Clandestino (PC3), um dos braços políticos das FARC incrustados na questionada ONG auto-denominada “Colombianos pela Paz”, trabalharam tempos atrás com organizações pró-terroristas internacionais, como as “Mães da Praça de Maio” e outros personagens inclinados ao terrorismo comunista, para internacionalizar o tema das libertações a conta-gotas e dar a aparência de que há um entorno hemisférico preocupado pela “paz na Colômbia”, como o expressado reiteradas vezes no Foro de São Paulo e, há até quem acredite, por Hugo Chávez, reconhecido padrinho das FARC.
Por essa mesma razão, Chávez, Correa, Dilma, Evo, Ortega, a ditadura cubana, Lugo, Mujica, a Kirchner e Humala, mediram o azeite da miopia estratégica de Santos e da chanceler Holguín durante a reunião da CELAC em Caracas, convocada não só para fazer a palhaçada de desconhecer a OEA senão para apresentar ante trinta e três mandatários do hemisfério a “oferta de paz das FARC” escrita por Timochenko, a poucas quadras do local da reunião, quer dizer, no gabinete que os terroristas colombianos têm no Forte Tiuna, lá na capital venezuelana.
Por sua parte, as FARC anunciaram com muito estardalhaço que em dois meses libertarão os seis seqüestrados. De imediato, o camarada Carlos Lozano Guillén, que de maneira curiosa publica em seu pasquim semanal (Voz) determinações políticas coincidentes com as FARC, ao ser entrevistado por meios de comunicação cegos ante a realidade da farsa, afirmou que é obrigação do Governo dar garantias aos terroristas e seus cúmplices. Para que? Pois, para que o show midiático alcance os efeitos esperados.
Nenhum dos “mediadores de boa-vontade” questionaram as FARC pelo fato de ter essas pessoas seqüestradas por tantos anos. Ao contrário, utilizam as mesmas palavras dos terroristas tais como “prisioneiros de guerra”, “retidos” ou em casos menos agudos, “reféns”. Tampouco questionam as FARC pela dilatação intencional da entrega dos seqüestrados, quer dizer, enquanto os concentram em um lugar onde melhoram-lhes a alimentação para libertá-los vistosos, como fizeram com o cabo Moncayo e um vereador huilense, devolvido à liberdade com terno e até gravata no meio da selva.
Enquanto isso, Santos está empenhado em sua re-eleição fazendo politicagem barata em lugares afetados pelo inverno, onde sem nenhum plano coerente dispõe de recursos dos colombianos a torto e a direito, e ao mesmo tempo faz charme para as FARC para que se sentem para dialogar com ele, quando é sabido que as FARC nem vão se desmobilizar, nem entregar as armas porque isso não está dentro de sua agenda.
Por sua parte, a chanceler Holguín trabalha sem bússola, sem norte, sem plano estratégico e sem se inteirar da intencionalidade estratégica comunista, ou nem sequer compreender as malandragens que as FARC e seus sócios no exterior fazem. Seu trabalho limita-se a fazer todos os mandados internacionais requeridos pela vaidade populista e demagógica de Santos. A prova disso são as viagens à Turquia, Inglaterra, Israel e a vergonhosa emboscada dos comunistas durante a folclórica reunião da CELAC em Caracas no final de 2011.
Por sua parte, os meios de comunicação ansiosos por prêmios e galardões do grêmio servem de idiotas úteis à farsa, os desinformados e abandonados familiares das vítimas só atinam em dizer que haja logo uma permuta humanitária, e o resto da população civil continua convencida de que a guerra é problema da Força Pública com os terroristas, e que a paz é assunto entre Santos e os bandidos.
Entretanto, as FARC tecem um emaranhado de ardis ao redor de seu Plano Estratégico para ver se conseguem status de beligerância, o reconhecimento político e o óbvio apadrinhamento da malta comunista da UNASUL, com a anuência das coletividades políticas colombianas que, imersas na rapina burocrática e no apetite sobre o orçamento, não enxergam um palmo adiante do nariz.
Isto quer dizer que nem às FARC, nem a Santos, nem à chanceler, nem a Colombianos pela Paz, nem aos partidos políticos colombianos, nem aos governos e organizações de esquerda pró-terroristas do continente, interessa a sorte dos seqüestrados.
Para todos eles, sem exceção, os militares e policiais seqüestrados são uma mercadoria com valor político, cuja libertação significa um pulso estratégico com dividendos eleitorais. Estas são algumas das interioridades da farsa na prometida libertação a conta-gotas, de outros seis seqüestrados em poder dos terroristas.
* Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com