Tradução: Graça Salgueiro
Com o sólido apoio de seus sócios políticos, ideológicos e estratégicos, desde há 14 anos as FARC têm brincado com a dor das vítimas dos militares e policiais seqüestrados. O fundo da trama da mentirosa intenção de paz é a busca de status de beligerância e a regularização do conflito, quer dizer, que se lhes tire o rótulo de terroristas, se lhes reconheça condição política e os governos sócios do Foro de São Paulo lhes abram embaixadas em Caracas, Quito, La Paz, Buenos Aires, Assunção, Brasília e Havana, além do apoio militar e logístico para lançar o ataque final contra a Colômbia.
Nesse transtorno utilizaram centenas de farsas, como a mediação de Chávez, a presença permanente de “Colombianos pela paz” em todas as montagens publicitárias, o seqüestro e assassinato do governador do Caquetá, filmes na Internet, cartas de Timochenko que derretem jornalistas loquazes, “coincidentes” visitas de Jorge Enrique Botero às guaridas de Cano, Jojoy e da terrorista holandesa Tanja, cartas de “intelectuais” aos cabeças, libertações a conta-gotas, manipulação às famílias antes e depois, a libertação do cabo Moncayo, mensagens à UNASUR, ALBA, e CELAC, etc.
Em dezembro de 2011, os terroristas anunciaram por meio de sua porta-voz e moleca de recados oficial, a libertação de uma parte dos seqüestrados e em seguida acrescentaram outros, para completar 10, porém evidentemente com as consabidas trapaças e farsas para dilatar o processo e pôr o Estado entre a cruz e a espada, inventaram estar pressionados por operações militares na suposta zona de liberação.
Depois, sua estafeta internacional anunciou a criação de um movimento político dissidente de um dos dois partidos tradicionais que, por “coincidência”, tem as mesmas diretrizes traçadas em 29 de abril de 2000 por Alfonso Cano no Caguán, durante o lançamento do Movimento Bolivariano Clandestino, composto por “progressistas que compartilham os ideais das FARC”.
Depois os terroristas anunciaram estar de acordo com o protocolo das libertações, porém... porém... porém... sempre e quando o Governo nacional autorize as mulheres internacionais, entre as quais estão grupos argentinos que apóiam as FARC no exterior, a visitarem os membros das FARC encarcerados, oxalá em data coincidente com a Cúpula das Américas.
Finalmente, alguns “intelectuais” enviaram uma carta cheia de aparentes críticas às FARC na qual no final coincidem de maneira contundente com o maior desejo do narco-terrorismo comunista: regularizar o conflito. Carta similar em conteúdo e objetivos à enviada a Alfonso Cano pelo ortodoxo e jurássico historiador comunista Medófilo Medina, na qual além de ressaltar com visão histórica o transtorno de sangue e terror traçado pelas FARC desde 1964 até 2011, Medina propôs no final de sua missiva a Cano que “negociasse”. Quer dizer, mais do mesmo.
O país não pode se deixar levar por enganos. Em 1991, o Partido Comunista tomou a audaz e calculada decisão de negar qualquer nexo com as FARC a partir dessa data, que na realidade são seu braço armado e exército particular, com o claro propósito de “ser o porta-bandeira da paz democrática com a insurgência”.
A oitava e nona conferências das FARC, assim como os plenos ampliados de 2000 e 2003, especificaram o trabalho propagandístico fariano pela “paz democrática”, mediante a ação terrorista sincronizada das estruturas armadas e das milícias bolivarianas, com o trabalho político-organizacional do Partido Comunista Clandestino e o robustecimento do Movimento Bolivariano também clandestino.
É mais do que óbvio que toda a Colômbia quer que haja paz. E as FARC brincam com esse desejo porque suas ações giram em torno do Plano Estratégico, que não é um programa de paz senão de guerra, para a tomada do poder. Desse modo, qualquer negociação ou conversação de paz com o governo de turno só deve assinalar a ajuda desse objetivo, porque a paz para as FARC equivale à tomada do poder e a imposição de uma ditadura comunista similar à cubana ou norte-coreana. O resto é luta de classes.
A opção alternativa é a tomada do poder mediante a inserção de um governo de transição ao socialismo do século XXI, designado nos computadores de Reyes e Jojoy à sua reconhecida mensageira internacional como passo anterior à ditadura comunista, pelo qual é fundamental para as FARC falar sempre na busca da “paz democrática”.
Dada a proximidade da realização da Cúpula das Américas em Cartagena, as FARC em conchavo com seus cúmplices e os idiotas úteis que acompanham seus sócios, o grupo narco-terrorista jogou várias cartas tendentes a buscar a legitimação internacional e não vão desperdiçar esse Foro para se fazer notar com a cumplicidade de Correa, Chávez, Evo, a Kirchner e Ortega.
Oxalá que Chávez não vá fazer a mesma palhaçada da reunião da CELAC, lendo um comunicado das FARC e do ELN ansiosos pela paz, ou o que é pior, que no final da cúpula os países assistentes caiam na farsa de apadrinhar as “negociações de paz”.
O ideal seria que em Cartagena Santos e sua viajante chanceler conseguissem que todos os países da OEA declarem as FARC terroristas, e exijam da Venezuela, Brasil e Equador que com suas tropas ataquem as guaridas dos terroristas localizados em seus territórios.
Por infortúnio, a forma como Santos tem dirigido o problema dá muitas vantagens político-estratégicas às FARC e seus cúmplices nacionais e internacionais, demonstração patética que a Frente Internacional das FARC é mais efetiva na difusão de sua luta do que o feito pelas embaixadas e consulados colombianos no exterior, para conseguir a condenação mundial contra o narco-terrorismo comunista.
Por estas razões, tudo parece indicar que a “chave da paz” não está no bolso de Santos, senão nos estratagemas de Colombianos pela Paz, no Plano Estratégico das FARC, na intenção sórdida dos governos comunistas do hemisfério e da misericórdia que Deus chegue a ter sobre a Colômbia, frente a tanta carência de visão político-estratégica de seus dirigentes.
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos -
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