Dois anos depois da morte de Jojoy, as FARC continuam com o mesmo estratagema de paz

Publicado: 2012-10-04   Clicks: 1623

       Tradução: Graça Salgueiro
 
      Poucos dias antes do bombardeio no qual morreu o Mono Jojoy, pela enésima “coincidência” o oblíquo jornalista Jorge Enrique Botero, que sempre aparece no cenário quando as FARC necessitam de alguma publicidade, visitou os acampamentos do então narco-terrorista mais procurado da Colômbia, para fazer uma entrevista na qual, quem quiser que acredite, o criminoso desapiedado das FARC oferecia toda sua vocação de paz.
 
 
     A surpreendente incursão aero-tática militar contra a guarida de Jojoy se produziu no mesmo momento em que Botero editava e preparava o material propagandístico das FARC, no qual, ademais, pretendia demonstrar que a terrorista holandesa Tanja é uma espécie de Robin Hood e uma lutadora internacional.
 
     Na aldeia La Escalera, as tropas acharam mais de 20 computadores pessoais pertencentes ao Mono Jojoy, a Tirofijo e aos cabeças do Bloco Oriental das FARC. De modo curioso e pouco claro o presidente Santos, muito dado a se dar publicidade e se auto-atribuir a idéia e a condução estratégica das exitosas operações Xeque e Fênix, decidiu ocultar da imprensa e dos colombianos em geral, os reveladores conteúdos destes arquivos eletrônicos.
 
    Pelo contrário, depois da baixa de Jojoy se incrementaram as aproximações sub-reptícias de Enriquito Santos com os camaradas das Farc en Havana, as furtivas viagens de um ministro do gabinete ao exterior, e as redes tacitamente autorizadas pelo presidente Santos entre os cabeças das FARC e o novo melhor amigo de Juanma em Caracas.
 
     Paralelo a isso, alguns setores da Igreja Católica e uma série de grupelhos políticos e sociais manipulados pelo Movimento Bolivariano das FARC, incrementaram a catarata de oferecimentos reiterativos de buscar a paz mas não aquela que implique na rendição dos terroristas e sua submissão à justiça, senão aquela que os legitime dentro e fora da Colômbia, para que continuem seu insaciável apetite de implantar na Colômbia uma ditadura comunista.
 
Isso foi até o extremo de que um padreco desinformado em Cali se atreveu a dizer que quando Cano caiu em combate era um pobre velhinho - diríamos nós, digno da fábula de Pombo -, sem nadinha que comer.
 
Não obstante a baixa do filósofo do narco-terrorismo comunista contra a Colômbia, por jogo duplo as FARC e o governo Santos continuaram a construção do carnaval de mentiras e enganos que se avizinham, derivados da obsessão das FARC de atuar de acordo com seu Plano Estratégico de tramas e farsas, assim como a idéia ilusória de Santos que acredita que tem as FARC derrotadas e que seu irmão Enriquito, por ter sido “ricaço esquerdista caviar” do setor exclusivo de El Chicó, conseguiu convencer os bandidos da desmobilização.
 
Esta nova tentativa de conversações com as FARC nasceu como menor abandonado e sem norte. Os terroristas continuam apegados a suas inamovíveis idéias, ao se auto-denominar representantes das classes menos favorecidas, em que pese que a duras penas representam os cartéis do narco-tráfico e aos dinossauros do Partido Comunista que ainda acreditam que Cuba e Coréia do Norte não são vergonhosos estados párias, senão maravilhas da política.
 
Os negociadores do governo, nomeados a dedo e de última hora, não obedecem a uma escolha popular nem às suas qualidades como tais. Obviamente vão para seguir presentes sem os meios de comunicação que os haviam esquecido, com o único encargo de tratar de posicionar uma imagem positiva de Santos em honra da re-eleição ou, em vez disso, o prêmio Nobel da Paz, ou a Secretaria da ONU, ou pelo menos duas das três possibilidades.
 
     Tudo está montado para que seja um fiasco, do qual uns e outros pretendem tirar vantagens político-estratégicas, pois tanto Santos quanto as FARC sabem que isso não vai funcionar. Ambos atuam com cinismo. Não importa o preço que a Colômbia pague, que paguem as vítimas das FARC e, em especial, as abnegadas Forças Militares que serão as receptoras dos efeitos negativos da sinuosidade, falta de caráter e falta de clareza do presidente Santos.
 
     Os militares já conhecem a deslealdade permanente de Santos. Dono absoluto dos êxitos das tropas, enche-as de elogios nos discursos politiqueiros depois de exitosos golpes militares contra o narco-terrorismo, porém as trai quando se trata de defender o Foro Militar, solucionar o prolongado problema do pagamento legítimo dos salários ou resolver o problema do vergonhoso sistema de saúde que têm atualmente ativos e inativos. Se esses são os amigos das tropas, como serão os inimigos? - diria qualquer leigo no assunto.
 
     Aterroriza a leviandade da imprensa, a indiferença da academia e o oportunismo politiqueiro dos congressistas que, para tapar a fanfarronice da vergonhosa reforma da justiça, deram uma mudança de sujeito fantasmal, para abraçar o projeto de paz do governo Santos.
 
     A paz é um direito inalienável que deve-se defender a todo custo, porém com dignidade e de acordo com as leis, os bons costumes, os interesses nacionais e o benefício comum, quer dizer, do povo colombiano martirizado pelo narco-terrorismo comunista e pela corrupção e ineficiência dos politiqueiros de sempre.
 
     A Colômbia não necessita da paz proposta pelas FARC, pois essa só aponta a prolongar a guerra comunista, procurar embaixadas na Venezuela, Nicarágua, Cuba, Brasil, Argentina, Uruguai e Noruega. Tampouco necessita de movimentos políticos de esquerda pró-terrorista batizados com nomes extravagantes, urdidos para buscar a legitimação total das FARC.
 
    Portanto, dois anos depois da morte de Jojoy o estratagema de paz das FARC continua igual. A Telesul, dirigida pelo jornalista Botero, foi a encarregada de publicar o “furo” dos diálogos, as posições dos negociadores são as mesmas de Caracas e Tlaxcala há 20 anos, ou de Uribe Meta há 30. Tudo igual.
 
     Inclusive há muitas semelhanças entre Pastrana e Santos. Ambos provêm da nata dos meninos bem nascidos que espernearam pelo brinquedinho chamado Casa de Nariño. A diferença é que o primeiro entregou o país às FARC desde antes de tomar posse, enquanto Santos, ao contrário, em seu afã eleitoreiro acredita que tem o touro pelos chifres e que as Forças Militares uma vez mais salvarão a Colômbia da tragédia na qual os ineptos dirigentes políticos sempre a meteram.
 
    Já veremos o que vem desta nova ópera bufa, lançada a rodar para satisfazer o Ego e a vaidade de uma das famílias que se crêem donas da Colômbia...
 
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
 
Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com 
 
 
 
 

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