Negar que as FARC são um cartel de narcos, é o mesmo que negar que Santos quer a re-eleição e o Prêmio Nobel da Paz

Publicado: 2013-03-20   Clicks: 1785

   Análisis del conflicto colombiano

   Tradução: Graça Salgueiro

    Durante cinco décadas as FARC e o Partido Comunista Colombiano procuraram a tomada do poder público na Colômbia por meio da combinação de todas as formas de luta. O financiamento desse projeto político-terrorista gira ao redor do narco-tráfico. Simples assim.

    A partir de 1980, como conseqüência da ação do “camarada” Argemiro da primeira frente no Guaviare, Jacobo Arenas e Tirofijo aceitaram a imersão das FARC no narco-tráfico, situação que foi aprovada na sétima conferência guerrilheira em 1982, ao determinar este escrito ilícito como eixo principal dos ingressos farianos, principalmente que “os extremos esquerdistas infantis” do M-19 já estavam dedicados a esse negócio no Caquetá.

    Entretanto, fiéis ao cinismo anexo ao marxismo-leninismo, os cabeças das FARC e os camaradas desarmados, sem se ruborizar negaram que as FARC sejam o braço armado do Partido Comunismo repetido até a saciedade que não são “estalos”, rechaçaram que são terroristas, desconheceram as vítimas do genocídio contra o campesinato colombiano, perpetrado em todo o país pelas estruturas farianas contra os quais denominam de  lumpem, reacionários, decompostos, traidores inimigos de classe, ou simplesmente sapos (delatores).

   Isto sem contar o terrorismo interno contra seus próprios bandidos em turvos e sinistros “conselhos de guerra revolucionários” nos quais, sob implícita ameaça de morte, os cabeças ordenam aos terroristas de base votar pelo “justiçamento” dos que “colaboram voluntariamente com o inimigo”, “fazem grupismo ou individualismo”, ou “desperdiçam os recursos da revolução”.

    Por exemplo, quando Iván Márquez era um dos cabeças do Bloco Sul, ordenou amarrar e queimar vivo dentro de um veículo em San Vicente del Caguán, a um emissário do Cartel de Medellín, porque o narco havia matado um familiar de Márquez, para ficar com a esposa cúmplice urbano das FARC em Florencia-Caquetá. Leia aqui o relato completo deste evento macabro.

    A idéia de Gonzalo Gacha, cognome “El Mexicano”, de organizar um “exército particular” treinado por Yair Klein para atacar Casa Verde onde os governos de Belisario Betancur, Virgilio Barco e Cesar Gaviria, toleraram que funcionasse o Secretariado das FARC, surgiu do assalto e destruição de uma fazenda cocaleira, propriedade de Gacha localizada no Meta.

    De imediato El Mexicano contatou Carvajal, um bandido das FARC enviado por Iván Márquez e o Mono Jojoy à Cundinamarca para incrementar negócios de coca e fortalecer as Frentes 22 e 42, com um fardo de bilhetes de dólares e pesos, e Gacha o convenceu para que mudasse de bando e o ajudasse a destruir o Secretariado, na mesma época em que Carlos Ledher, um dos comparsas de Pablo Escobar, trouxe à luz pública que Jacobo Arenas era o principal narco-traficante da Colômbia, assim como a destruição da infra-estrutura cocaleira em Tranquilandia e Villa Coca.

    Carvajal relacionou Gacha com Yair Klein e aproveitando a ocasião, se converteu em um dos desertores mais procurados pelas FARC e um dos assessores do mercenário israelense na capacitação dos bandidos que, sob o comando do Mexicano, cometeram centenas de crimes a atropelos contra o país.

    A captura do terrorista Yesid Arteta, cognome Joaquín, hoje exilado na Europa, se produziu em uma operação de surpresa sobre o coração cocaleiro das FARC no Caguán. Poucos anos depois nessa mesma zona, em uma operação parecida as autoridades capturaram a terrorista Sonia, a quem se lhe provou ter feito dezenas de transações de coca dentro e fora da Colômbia para financiar as FARC, razão pela qual foi extraditada aos Estado Unidos onde purga uma longa condenação.

    Do mesmo modo ocorreu com a captura do narco brasileiro Fernandinho Beira-Mar, a morte do “Negro Acacio” e “Esteban 26”. Estes terroristas abatidos dirigiam ingentes negócios de coca das FARC. Porém, isso é pouco porque as provas encontradas nos computadores pessoais de Raúl ReyesMono Jojoy, Lucero Palmera, Carlos Lozada, TirofijoAlfonso Cano, Iván Ríos, Sonia la Pilosa, Jerónimo Galeano, Hermes Tovar, etc., deixaram claro: 

    1. 65% dos ingressos das FARC derivam-se do narco-tráfico;

   2. A colonização armada orientada desde a década dos anos quarenta do século XX pelo Partido Comunista Colombiano, coincide com a presença geográfica clandestina das Frentes das FARC em zonas cocaleiras, papoleiras e algumas de cultivos de maconha;

   3. Hoje essas regiões fazem parte das Zonas de Reserva Agrária que, segundo contas aproximadas, constituem cerca de 10 milhões de hectares que as FARC e os comunistas desarmados querem para si, com o projeto a longo prazo de instaurar lá as republiquetas independentes que não funcionaram com os camaradas em Marquetalia, Riochiquito e El Guayabero;

    4. Quase todos os integrantes das Juntas Patrióticas da UP (União Patriótica) no Guaviare, Caquetá, Meta, Vichada, Vaupés, Casanare e Arauca, cobravam imposto de gramagem [1] aos coqueiros e construíam estruturas armadas clandestinas das Milícias Bolivarianas;

    5. Os dirigentes do Movimento Bolivariano Clandestino fazem parte das redes de lavagem de dinheiro e contatos do narco-tráfico das FARC dentro e fora do país;

   6. Existem estreitos contatos das FARC com os capos das quadrilhas de bandidos e narcos batizados como “bandos criminosos” ou “Bacrim”, com a tarefa concreta de coordenar negócios ilícitos de narco-tráfico, seja coca, papoula ou maconha;

   7. E estes poucos detalhes, para não mencionar mais, servem para ressaltar o descaramento do terrorista Rodrigo Granda em Cuba ao negar que as FARC sejam narco-traficantes.

    Porém, visto desde outra óptica, o que isso tem de estranho? Ouvir uma mentira a mais de algum cabeça das FARC, se para ser comunista o primeiro requisito é ser mentiroso, cínico, descarado e farsante, principalmente em um cenário onde mentem as FARC e mente o governo nacional, com o conto chinês de que este processo avança de vento em popa.

    A única coisa que avança com velas despregadas é o Plano Estratégico das FARC que, com trapaças, fraudes, tramas e cumplicidades dentro e fora da Colômbia, seguem avante em seus propósitos.

    A trama da provável autonomia camponesa das Zonas Agrárias tem interesses de incremento de cultivo e processamento de coca, ao mesmo tempo que com a construção de mais milícias bolivarianas armadas, para re-editar o velho plano do Partido Comunista em Marquetalia e fortalecer o Plano Renascer desenhado por Cano antes de morrer, porque o projeto narco-comunista está em pleno apogeu, mesmo que muitos iludidos e bobalhões “opinadores” acreditem que desta vez haverá a paz.

    Em síntese, negar que as FARC são narco-traficantes é como negar que Juanma está empenhado com toda sua burocracia em conseguir o Prêmio Nobel da Paz e ser re-eleito. O narco-tráfico é a alma do conflito e a demagogia midiática é a coluna vertebral do egocentrismo e da vaidade de Santos.

 Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos – 

www.luisvillamarin.com

 

Nota da tradutora: 

[1] O termo “gramagem” refere-se à cobrança por peso que é feito em gramas.

 

 

 

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