Importância estratégica da morte de Caliche no Cauca

Publicado: 2013-05-11   Clicks: 2001

 

     Os soldados da Colômbia acabam de anotar outro êxito operacional de ressonância estratégica, que bem manejado poderia constituir o primeiro passo para a desarticulação da coluna Jacobo Arenas, integrada por terroristas treinados em diversas especialidades de combate e capacitados para produzir golpes táticos de importância político-estratégica na retaguarda do Estado colombiano.

     É indubitável que a captura de 17 bandidos que iam assaltar uma entidade bancária no Cauca e as baixas que as tropas causaram nas recentes semanas às FARC, fizeram uma rachadura na coluna Jacobo Arenas, estrutura armada, treinada e capacidade com o mesmo nível da coluna Teófilo Forero.

     O extenso prontuário de Caliche o apresenta como um delinqüente de máxima importância nas FARC, com projeção para se converter em outro Mono Jojoy, pois por sua habilidade criminosa igualava, ou talvez superava em condições terroristas, a Fabián Ramírez ou El Paisa.

    Caliche era um dos quadros políticos-militares treinados em Hueco Frío, zona rural de Uribe-Meta na década dos setenta, quando em desenvolvimento da combinação de todas as formas de luta os camaradas desarmados do Partido Comunista e da Juventude Comunista, enviaram seus melhores quadros políticos para que Tirofijo, Jojoy, Joselio e Guaracas os treinassem em escolas móveis de guerra de guerrilhas, e depois foram adestrados por terroristas vindos de Cuba, Nicarágua, El Salvador, Argentina, Vietnã e Brasil.

    Desta camada de bandidos saíram Miller Perdomo, Sonia la Pilosa, Yesid Arteta, Urías Oyaga, Negro Acacio, Caliche, Caicedo, Romaña, Nelson Robles, Chicoque, os filhos do cocho Guzmán, César o carcereiro de Ingrid Betancur e outros mais.

    Com o passar do tempo quase todos os “estudantes de Hueco Frío” foram caindo em combate, mas antes de morrer deixaram treinadas centenas de estruturas com mais terroristas qualificados em forças especiais terrestres, até conformar as companhias móveis Teófilo Forero, Arturo Ruiz, Reynel Martínez e outras integradas por “pisasuaves” [1] e comandos adestrados em explosivos, penetração, inteligência, comunicações, saúde, condução de pequenas unidades, golpes de mão e outras especialidades aplicáveis à guerra de guerrilhas, inclusive os “justiçamentos” de sapos[2] e o “lumpen” revolucionário.

    Caliche era um líder natural entre os “pisasuaves de Jacobo Arenas”, pois dava exemplo revolucionário e defendia com todo rigor os postulados da tomada do poder, previstas no Plano Estratégico, condições que o convertiam em homem de confiança de Catatumbo e Pascuas.

     Com certeza seu nome foi ventilado pelos terroristas que estão em Havana para integrar o bando fariano na ilha, mas a necessidade de manter as milícias bolivarianas e a coluna Jacobo Arenas em plena atividade ofensiva contra o Estado no Cauca, impediu que Caliche saísse para Cuba para fazer parte da farsa da paz.

    É óbvio que antes de viajar para Cuba, Pablo Catatumbo lhe ressarciu de todas as tarefas acordadas pelo Secretariado em Cuba, enquanto duravam as férias de dezembro passado que tiraram De La Calle e os negociadores mudos enviados por Santos para legitimar sua re-eleição.

    Do mesmo modo como ocorreu com as mortes de Reyes, Cano, Jojoy, Acacio, Caballero, etc., a Colômbia tem a faca e o queijo na mão para conduzir uma inteligente campanha de desmobilização de bandidos e a possibilidade de conseguir que os cabeças intermediário e os bandos rasos renunciem ao terrorismo, com base em um plano coerente de ação psicológica e soluções sociais reais, sem a atual politicagem publicitária das casas grátis e a auto-propaganda permanente de Pardo Rueda como ministro do Trabalho.

    É preciso esclarecer que este golpe tático, igual aos anteriores, é o produto do sacrifício dos soldados e das unidades de combate terrestre. Não é devido à auto-promovida imagem como estrategista de Santos ou de seu ministro Pinzón.

    É de se esperar que em honra de seu plano re-eleitoral Santos repita a ópera bufa que armou quando por idéia de um sargento e um major se realizou a Operação Xeque, e o então ministro da Defesa não só subiu no trem da vitória, senão que se auto-atribuiu a genialidade estratégica do golpe.

     Honra e vida longa aos soldados colombianos que continuam fiéis ao juramento de lealdade à bandeira e à Colômbia, apesar de serem traídos e manipulados por quem os elogia em público mas não faz nada para solucionar os problemas de salário não pagos desde 1992, não melhora o sistema de saúde nem a defesa jurídica das tropas.

    Reconhecimento especial às tropas do Batalhão de Infantaria Boyacá, que propinaram este duro golpe às FARC, e convite a todos os cúmplices do grupo narco-terrorista incrustados no Partido Comunista Clandestino e no Movimento Bolivariano Clandestino para que desarmem suas frentes, não para re-eleger Santos que não merece o cargo, senão para que a Colômbia tenha paz e não se repitam as mortes de soldados e guerrilheiros, enfrentados para defender uma aristocracia decadente que acredita ser proprietária do país, ou dos comunistas retrógrados que acreditam que se levam a Colômbia ao vergonhoso estado de miséria de Cuba ou do desgoverno ilegítimo da Venezuela, se solucionarão os graves problemas históricos que nos afligem.

     É claro: morreu um terrorista muito importante, mas se os ladrões de colarinho branco continuam sangrando o erário, se Juanma e seu bando continuam imersos na politicagem e no credo de seu destino messiânico de classe, e se os comunistas e seus cúmplices continuam empenhados na “legitimidade” do crime fariano, outros Jojoys, outros Canos, outros Acacios irão para as montanhas e selvas para continuar o círculo vicioso de sangue, terror e morte impostos desde há mais de cinco décadas pelo Partido Comunista, seu braço armado, o narco-tráfico e os poliqueiros corruptos e ineptos que mal dirigiram o país.

    Notas da tradutora:

    [1] Chama-se “pisasuave” aos terroristas que atacam de forma sutil e inesperada, que aparecem sem qualquer ruído e são extremamente bem treinados para ataque-surpresa. Nesta tática são geralmente empregados os garotos e adolescentes recrutados à força pelas FARC porque, por terem naturalmente um peso mais leve, podem se locomover sem fazer barulho, de “forma suave”, como gatos no escuro.

    [2] Chama-se de “sapo” todo aquele informante da Polícia e do Exército, seja ele real ou imaginário.

 

* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com

 

Tradução: Graça Salgueiro

 

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